No início do segundo semestre deste ano, o Governo Federal anunciou investimentos da ordem de R$ 1,7 trilhão no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em todo o país, sendo R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 320,5 bilhões após 2026. Ao Pará, serão destinados valores superiores a R$ 76,5 bilhões este ano para investimentos e projetos. O anúncio do programa era bastante esperado pelos diversos segmentos da economia brasileira e gera boas expectativas aos setores produtivos e na população de um modo geral.

Os investimentos contemplam ações em programas de transferência de renda como o Bolsa Família, saúde, educação, cultura, esporte e infraestrutura. No pacote de investimentos do PAC estão inclusas a retomada de obras que estavam paradas Novo PAC: expectativas de novas oportunidades para a indústria e a aceleração de outras em andamento, além de novos empreendimentos. Entre os investimentos em infraestrutura no Pará, destacam-se as seguintes obras e serviços: ponte sobre o Rio Xingu BR-230, duplicação da BR-316 (Castanhal – Trevo de Salinas), pavimentação da BR-308 (entre Viseu e Bragança); derrocagem do Pedral do Lourenço e moradias do programa Minha Casa, Minha Vida.

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Dias Carvalho, o anúncio veio como uma boa notícia para a indústria, sobretudo por conta das obras de infraestrutura que devem aumentar a competitividade do setor e da movimentação das cadeias de fornecimento. “O PAC não só melhora a infraestrutura, como movimenta toda uma cadeia da economia, que envolve aquisição de equipamentos, materiais, bens e serviços, além de impulsionar geração de emprego e qualificação de mão de obra necessária para as ações previstas. Outro destaque importante são os investimentos em áreas como educação, saneamento e acesso à internet, vitais para o desenvolvimento do Estado e do país”, reforça.

Contudo, o presidente da FIEPA destaca que esses projetos, para que de fato se concretizem em benefícios, não podem ficar travados em burocracias que desconsiderem as necessidades da própria região. “Nossa expectativa é que as obras de fato não esbarrem em outros entraves ou burocracias, pois, uma vez paradas, se tornam uma janela para o desperdício de recursos e impedem que a população tenha acesso a todas essas melhorias que o PAC deve trazer por meio dos investimentos previstos”, disse Alex Carvalho.

Ainda relacionado à infraestrutura, o Programa contemplou obras voltadas para melhorias na urbanização das cidades, como as relacionadas a serviços sanitários, de abastecimento de água, resíduos sólidos e construções para os setores da saúde, educação, cultura e esporte.

José Maria Mendonça, presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da FIEPA, ressalta a importância de algumas obras previstas no Novo PAC para a economia e competitividade do setor produtivo. “Destaco como fundamental a Ferrogrão, porque vai permitir que os grãos do Mato Grosso saiam pelo Arco Amazônico através do Porto de Vila do Conde. Isso é um ganho muito considerável para o Estado, porque leva a uma política do ganha-ganha em toda a região Oeste do Pará. Outra obra de infraestrutura importante é o derrocamento do Pedral do Lourenço, porque permitirá que a hidrovia do Tocantins funcione normalmente nos 12 meses do ano, já que as eclusas estão prontas. Existem apenas pequenos pontos de dragagem que foram contemplados também nesse PAC”, pontua.

EFEITO DOMINÓ NA ECONOMIA

Quando a indústria cresce, os demais setores da economia são impulsionados. Esse “efeito dominó” ou multiplicador, reforça a importância do setor para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Isso porque é a indústria que fornece insumos para outras áreas da economia, além de desenvolver inovação e tecnologia. “Toda vez que se impacta a indústria, ela atinge fundamentalmente o serviço e o comércio. No caso particular, os investimentos que serão feitos pelo Novo PAC vão atingir a agricultura também, porque a Ferrogrão vai passar por uma região do Pará que já tem um certo avanço agropecuário, o qual é o plantio de soja, que está subindo ali margeando o Tapajós e a gente acredita que tem um impacto em todos os setores. Pontuando, toda vez que existe um crescimento industrial, ele é abrangente, abraça todos os setores”, analisa José Maria Mendonça.

Saiba por que as obras contempladas são importantes para o Pará
PAVIMENTAÇÃO DA BR-308

Uma obra muito aguardada e que deverá ser retomada é a pavimentação da rodovia BR-308 no trecho BragançaViseu. O asfaltamento da via facilitará o trânsito dos moradores, a integração do estado e o escoamento da produção e transporte de mercadorias.

PONTE SOBRE O RIO XINGU

A obra de 750 metros de extensão vai facilitar a travessia de passageiros e o escoamento da produção na BR-230, a Transamazônica. Isso porque se tornará uma alternativa rodoviária à travessia de balsa entre Altamira e Anapu. De acordo com o projeto, será construída uma ponte estaiada, com 424 metros de vão central, para diminuir o tempo de viagem e proporcionar mais segurança aos moradores da área de influência.

DERROCAGEM DO PEDRAL DO LOURENÇO

Após a conclusão da obra será possível a navegação na extensão dos rios Araguaia e Tocantins. A quebra e remoção das rochas localizadas ao longo de mais de 30 quilômetros de rios tem o objetivo de permitir a construção da hidrovia Araguaia-Tocantins, no município de Itupiranga, no sudeste do Pará. O projeto está em licenciamento ambiental e as obras estão previstas para começar em 2024. Depois da conclusão, a região de Marabá deverá entrar para a restrita lista das regiões brasileiras a ter quatro modais logísticos: rodoviário, ferroviário, aeroviário e hidroviário

FERROGRÃO

Apesar do avanço com o Novo PAC, ainda há demandas em estudo. Entre elas estão o Plano de Monitoramento Hidroviário (PMH) dos rios Tocantins (trecho de Cametá e Tucuruí) e Tapajós (trechos de Santarém e Itaituba), além da Ferrogrão, via férrea para ligar o Porto de Miritituba, em Itaituba, no sudoeste do Pará, ao município de Sinop, no Mato Grosso

DUPLICAÇÃO DA BR-316

Após paralisações anteriores, a continuação da duplicação da BR-316 beneficiará municípios da Região Metropolitana de Belém e da Região Nordeste do Pará, como Castanhal, Igarapé-Açu, São Francisco do Pará e Santa Maria do Pará. As obras de duplicação da BR-316 foram iniciadas em 2020 e abrangem um trecho de 45 km, entre Castanhal e o trevo de acesso a Salinópolis. A duplicação proporcionará maior segurança para o trânsito ao longo da via

Last modified: 08/05/2024