O potencial da biomassa como caminho para uma transição energética justa e de baixo carbono foi o foco de painel promovido nesta quinta-feira, 14, no Pavilhão Pará, na Green Zone (Zona Verde), durante a COP30. A atividade integra a programação da Jornada COP+, movimento multissetorial liderado pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), e reuniu especialistas e representantes do setor produtivo para discutir soluções sustentáveis para o desenvolvimento da Amazônia.
O painel abordou oportunidades e desafios para impulsionar a bioeconomia amazônica, ressaltou o papel da biomassa na geração de energia limpa, na valorização de recursos regionais e na promoção de uma transição energética inclusiva e sustentável. A conversa foi conduzida pelo gerente do Observatório da Indústria da FIEPA, Felipe Freitas, que destacou como o Brasil é uma referência em matriz energética. “O Brasil é referência mundial, pela forma como a matriz energética é composta, com seus diversos componentes, como energia hidráulica, biomassa, energia solar ou elétrica”, explicou.
Durante o painel, Aldo Leite, consultor comercial de Combustíveis Alternativos da Verdera, marca que faz parte do grupo Votorantim Cimentos, explicou como a empresa concentra suas ações na compra de biomassa e outros materiais para substituir combustíveis fósseis na produção de cimento. “Hoje, carvão e coque de petróleo ainda fazem parte da matriz energética da Votorantim, mas temos uma meta de substituição progressiva desses combustíveis até 2030 e 2040”, afirmou.
Atualmente, a empresa utiliza caroço de açaí, cavaco de madeira, pó de serragem e briquetes. Leite afirmou que o mercado de resíduos mudou e que, no caso do açaí, empresas especializadas fazem a coleta, secagem e fornecimento do material à companhia. “Resíduo, hoje, para muitos, deixou de ser problema. Passou a ser produto com valor agregado”, destacou.
Outro ponto central do debate foi o papel dos mercados de carbono e da rastreabilidade como pilares para o avanço da bioeconomia. Leonardo Almeida, coordenador de projetos de carbono da Biofílica Ambipar, apresentou um panorama da atuação da empresa e da evolução do mercado de créditos ambientais. “A empresa atua com soluções baseadas na natureza, principalmente em mercado de carbono e regularização ambiental por meio de cotas e arrendamentos de reserva legal”, afirmou.
Segundo o coordenador, o objetivo da companhia é gerar impacto socioambiental positivo, destravando capital para conservação. “A gente sabe que não existe conservação sem valorização dos ativos ambientais. A ideia é contribuir para a agenda socioambiental por meio de mecanismos financeiros”, explicou.
Ao discutir o aproveitamento da biomassa e a aplicação de conceitos de construção verde na Amazônia, Marcos Martins, presidente do SINDIMÓVEIS, explicou como resíduos originados do processamento de madeira nativa, especialmente das espécies de lei exportadas, têm se tornado insumos fundamentais para o setor. “Os resíduos gerados pela base florestal, que muitos enxergam como descarte, para nós não são resíduo, mas matéria-prima para o desenvolvimento dos nossos produtos”, disse.
O sindicato, que reúne empresas de diversos municípios paraenses, tem buscado fortalecer iniciativas de inovação e reaproveitamento. “Implementamos projetos em parceria com prefeituras, trabalhando o reaproveitamento de resíduos com comunidades locais e investindo em design e inovação tecnológica para a criação de novos produtos”, concluiu.
Last modified: 16/12/2025